O PERIGO DO DÍZIMO


Quando Deus tirou Israel do Egito para levá-lo à terra de Canaã, a qual herdaria por promessa; Israel era apenas um povo composto por 12 tribos, descendentes de 12 irmãos, filhos de Jacó.

Canaã seria invadida pelos israelitas e seus limites seriam divididos entre as tribos, cada tribo teria uma parte da terra como possessão eterna. De repente no caminho, uma surpresa! Uma das tribos não herdaria terra alguma.

A tribo de Levi iria herdar apenas cidades entre as possessões das demais tribos, pois lhe foi atribuída o trabalho sacerdotal e o culto mosaico. Eles viveriam das doações das demais tribos, pois nenhum outro trabalho lhe foi atribuído senão o de ministrar o tabernáculo. Não se conhece nas Escrituras Sagradas a tribo de Levi, pois ela nunca existiu. Todas as demais tribos deveriam cultuar ao Senhor no tabernáculo e somente os levitas exerciam os cargos espirituais e santos.

A sobrevivência dos levitas dependia de uma ordem de Deus as demais tribos, pois lhes fora determinados a oferecer aos irmãos levitas 10 % de toda a colheita do campo, de todos os frutos da terra e de toda a carne dos currais ou de seus quintais.

O dizimo na Bíblia é isso, somente isso e nada mais que isso.
Hoje vivemos a era cristã e segundo 07 de aos hebreus não estamos mais sob o sacerdócio levítico, mas sob o sacerdócio judeu, pois Cristo era da tribo de Judá e nunca se soube que a tribo de Judá tenha recebido dízimos.
A aplicação do dízimo nas igrejas evangélicas e modernas é sem fundamento e sem necessidade, embora não haja problema quanto ao seu uso se o mesmo for de forma transparente, honesta e, sobretudo se o dizimo não atrapalhar a disciplina, o que não vemos acontecer.

A afirmação de que o Dízimo é bíblico e de que quem não for dizimista não vai para o céu, não passa de meras especulações desorientadas de pessoas más informadas. O que acontece numa igreja evangélica nada tem a ver com o que acontecia nos dias dos levitas, uma coisa é totalmente distante da outra; uma coisa é pagar os impostos, as despesas da igreja, as viagens missionárias, prestar assistência social e outra coisa totalmente diferente é assalariar alguém, é pagar cachê, é comprar mensagens bíblicas. O dízimo foi criado para uma necessidade de sobrevivência de quem não possuía uma herdade e especialmente para os levitas.

Uma coisa é um obreiro viver à custa da igreja e outra coisa é a igreja ter a imposição de pagar o salário de um obreiro quando ele mesmo pode trabalhar para se sustentar e ao contrário disso vive em grande conforto e no luxo.

O Apóstolo Paulo, maior pregador da Palavra de Jesus, em algumas ocasiões particulares, por necessidade viveu à custa da igreja, mas em geral ele foi muito enfático ao dizer: Trabalhei com suor e fadigas para não ser pesado ao meu próximo essas mãos me serviram... Paulo morreu pobre, sem bens e sem nada.

O problema da imposição do dízimo são muitos e o dízimo em minha concepção é o maior responsável pela falta de disciplina nas igrejas; para mim, o dízimo deixou a igreja num estado irreversível de indisciplina. COMO ASSIM?
O dinheiro desperta a AVAREZA e a avareza desperta INTERESSES e infelizmente o homem sempre foi muito vulnerável quando seus interesses particulares estão em jogo. O mundo de hoje é de quem tem dinheiro. Hoje cada um vale é o que tem e o que possui. Infelizmente essa é a mais pura verdade. Muitos ministros espirituais deixaram de disciplinar a igreja por causa de interesses financeiros e particulares.

Como disciplinar uma irmã rebelde e indecentemente mal trajada se ela dá um GORDO DIZIMO? Como doutrinar e corrigir o fazendeiro, o empresário, o bem sucedido se 50% do que a igreja arrecada sai dos seus bolsos e uma boa parte vai para o sustento do obreiro?

É uma vergonha, mas a disciplina nas igrejas geralmente tem sido aplicada de forma dura nas pessoas de poucas condições de sobrevivência e raramente nas pessoas de alto nível social.

O medo de perder o dizimo fez com que a igreja mudasse totalmente sua característica interna e os cristãos praticamente fazem o que querem, como querem e quando querem. Hoje já não adianta disciplina sobre vestes, sobre usos e costumes, disciplina sobre liturgia e comportamento nas igrejas, sobre namoros, sobre casamentos, sobre moralidade, sobre vícios, sobre agiotagem, sobre negócios; a maioria dos pastores de hoje tem status e nada mais, tem posição e nome de bom pastor, pois deixam suas igrejas à vontade e os membros têm liberdade para quase tudo o que quiserem fazer.

Já não há mais luta contra o pecado, contra a fornicação, contra o adultério, contra a imoralidade, contra a desonestidade; hoje, o que há na maioria das igrejas é apenas a doutrina da prosperidade financeira, pois somente os interesses particulares é o que conta.

A indisciplina causada pelo dizimo contagiou até as igrejas não-dizimistas, pois os ministros espirituais para não perderem seus membros que querem liberdade como os membros de outras igrejas acabaram por ceder também na indisciplina.

O modismo é geral, o desinteresse pela consagração é geral, a vaidade é uma coisa incrível nas igrejas, terrível e preocupante.

Um pregador tradicional que não se deixa levar pela avareza hoje ganhou o titulo de Chato, de museu, de radical; e o coitado não desperta nenhum interesse nos membros.

Claro que estou radicalizando na questão do dizimo e sei muito bem que muitos são os fatores que levaram a igreja a uma conduta déspota e que não foi apenas o dizimo que causou tudo isso, mas se analisarmos bem uma questão com certeza pensaremos iguais:

O que levou grandes homens de Deus a deixar de doutrinar e de disciplinar a igreja? O que levou grandes ministros espirituais a encobrir o pecado de membros ricos da igreja? Por que os pobres sempre sofreram na igreja mais sanções disciplinares do que os ricos? Por que os ricos sempre foram exaltados e colocados como exemplos de colaboradores de Deus ao passo que os pobres quase nunca são lembrados?

O DÍZIMO é um perigo fora do seu lugar de origem. O lugar do dizimo é na tribo de Levi. Paguemos nossos impostos, zelemos dos nossos pobres, construamos nossas igrejas, mas não assalariemos pastores, anciães, presbíteros, ou quem quer que seja.

Cada um trabalhe com seu suor e Deus abençoará a todos.

Elias Barbosa - Ancião

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